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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Crítica: Exposição Em nome dos Artistas

(Publicada originalmente em MundoMundano, 2011)



em nome dos artistas
Mariana Lacerda

"Em nome dos artistas - Arte norte-americana contemporânea na Coleção Astrup Fearnley", exposição em cartaz no Pavilhão da Bienal até 4 de dezembro, pretende oferecer uma visão selecionada e fragmentada da arte contemporânea realizada nos Estados Unidos dos últimos 30 anos. Segundo a organização, a exposição está fragmentada em 3 capítulos: 1) "exposições individuais" de obras de artistas célebres como Jeff Koons, Cindy Sherman, Felix Gonzalez-Torres, Matthew Barney, Doug Aitken e Tom Sachs; 2) investigação dos artistas contemporâneos emergentes e 3) obras impressionantes do artista britânico Damien Hirst.


Da própria divisão dos capítulos fica claro o que ver (e o que não ver) na exposição. Com raríssimas exceções, a cena artística americana atual e o seu porvir, podem muito bem ficar de fora de um programa de exposições. 


Se a arte é, antes de tudo, a manifestação do tempo em que o artista vive, a produção norte americana de hoje mostra bem o que é feito desse país pós-11 de setembro e pós-ruína do sistema financeiro. E a bem da verdade é que nós, brasileiros, somos muito mais experientes – e felizes! – nessa realização de arte na adversidade ou da crítica. Enfim, os americanos recém acordados de seu sonho de país perfeito, ainda não identificaram o que é mesmo que não lhes cai muito bem, e as obras passam bem esse desconforto com desconforto. É como um grito meio Occupy Wall Street, mesmo, quem é mesmo o nosso inimigo?! E como é mesmo que a gente se rebela contra ele?


Ou seja, pulem o andar do meio! Pode ser uma experiência antropológica bem sucedida, mas enquanto arte, sejamos francos!, é um saco!


Mas não percam a exposição, não percam mesmo!, no que ela tem de excelente! A possibilidade de ver ao vivo as obras do Damian Hirst é única e mágica. Apesar de algumas das obras poderem chocar os mais sensíveis, como a série Freeze, representada na exposição pela Mother and Child divided (uma vaca e seu bezerro cortados ao meio e mantidos em tanques de formol) é diante dessas instalações grandiosas que temos, como se fosse possível, um contato direto com a morte e com a vida propriamente.


Tampouco percam o último andar e as individuais dos artistas célebres. Nan Goldin, Robert Gober, Cindy Sherman, Charles Ray (duvido que consigam descobrir como foram feitas as Plank pieces!) são capazes de nos transportar para aquele lugar do maravilhamento, seja pela dor, seja pelo belo ou pelo impossível.

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