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terça-feira, 29 de novembro de 2011

Exposição: Paisagens Urbanas- Antonia Domingues, Jorge Feitosa e Cláudio Manculi


A exposição tem a intenção, além da evidente função de divulgar o nome destes três brilhantes novos artistas, de mostrar três olhares distintos sobre o mesmo tema: a cidade. Jorge Feitosa nos apresenta uma cidade imaginária, constituída das muitas cidades do mundo, dos muitos elementos arquitetônicos que a contém ou das muitas cenas cotidianas que aqui se passam. Como se não bastasse o enquadramento para o clique para contar uma verdade própria, Jorge ainda se vale da manipulação digital para reforçar, recontar e ressignificar o que só o seu olhar capta, extrapolando a subjetividade das imagens. As fotos de Antonia Domingues, por sua vez, trazem sempre algo entre o onírico e o ab- surdamente concreto, nesse paradoxo que inunda a alma feminina, criando cidades de sonhos reais. O que se traduz também na sua impressão artesanal e manual, de singeleza e força, típicamente femininas. Já Cláudio Manculi apresenta fotografias que estão em algum lugar entre o surreal e o fantástico, com forte influência da pintura impressionista, seja pela forma como trabalha as cores e a luz de suas paisagens ou pelas inusitadas sobreposições de suas imagens que, anote-se, são construídas na própria câmera e não com manipulação digital, que conferem a elas uma sensação de que aqueles locais não pertencem ao mundo ao qual conhecemos.
Está em jogo na exposição assim formatada, a pluralidade de opiniões e as múltiplas questões envolvidas no relacionar-se com a cidade, muito embora, reconhecidamente, o foco destas questões estejam no lirismo e na paisagem em si e não nas relações sociais que nela se encerram. Não há nas fotografias dos três artista aqui escolhidos e reunidos um foco para os claros problemas das cidades metropolitanas. Não se tratam, em absoluto, de fotografias-denúncia do que é cotidiano na cidade.
E muito ao contrário destas, que muitas vezes apenas explicitam as questões já conhecidas, sem qualquer reflexividade sobre o porquê dos problemas e do próprio espaço urbano, há nas fotografias líricas desses três artistas, um olhar justamente para o que há de esquecido e o que tem de ser diuturnamente construído por nós para suportar a existência nesse espaço cujo conceito dominante (e até meu mesmo) sobre esse espaço que, muitas vezes, é a própria metáfora de tudo o que constrange, impede e bloqueia o exercício pleno da liberdade, da convivência, da afetividade e da feminilidade.
Veja Fotos da Exposição

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