Uma vez escrevi sobre o trabalho do Renan que nele residia uma
racionalidade cartesiana, uma busca por existir autonomamente através do
próprio pensamento. Esse escrito faz tempo, mas a essência do trabalho do não
se perdeu.
Muito ao contrário, deu um salto, um passo à frente no percurso
do trabalho, aprofundando mais as
questões de autonomia.
Renan talvez tenha transcendido a necessidade de conhecimento para constituir uma
individualidade que estava antes tão presente nos trabalhos anteriores - às
vezes representados pelos seus signos mais evidentes, como o livro, o papel, a
grafite; às vezes em virtude de referências no título a questões específica
desse campo. Talvez tenha resolvido entregar-se a esse mundo do possível e
“aprender de que maneira sujeitos e objetos podem se tornar menos sujeitos e
menos objetos e mais coisa”(LEPECKI, 2012, p.96).
Mas não perdeu, absolutamente, sua busca por um raciocínio
lógico e pela precisão; internalizou-o. Assim como continua buscando uma
definição para si, para seu corpo. Levou a precisão para o íntimo do seus
ensaios da construção do seu trabalho, enquanto liberou-o para experimentar e
também ser experiência para seu espectador. O que vemos é um desafio do corpo,
num questionar-se, desafiar-se em trabalhos braçais e repetitivo que afetam
diretamente corpo e discurso, desconstruindo qualquer utilidade e encontrando
outros usos e outras possibilidades desvinculados do ordinário. Isso também faz
parte da busca de sermos outros que não os mesmos, de irmos seguindo em frente
nas possibilidades que se nos abrem: é o abraço ao descentramento da falta da
estrutura contemporânea sem cair na facilidade do cinismo. O trabalho é, enfim,
ainda propositivo e desafiador da incessante busca humana pela sua própria
essência, agora, ainda, com a liberdadede encontra-la onde quisermos.
Entendo ser importante e fundamental a apresentação de questões
na arte dentro dessa contradição ou paradoxo que é moto do debate e não que
seja o paradoxo em si. Essa dualidade lógica-ilógico/ racional-sensível acho
que é algo que seja enriquecedor e o trabalho é rico por isso: pela busca
incessante pela construção de um discurso coerente que demonstre um avanço na
própria constituição e composição das identificações humanas.
Sobre o trabalho do Renan, tem fotos aqui e vídeo aqui.
Sobre a Kunsthalle, vejam aqui.
Sobre o trabalho do Renan, tem fotos aqui e vídeo aqui.
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