RESUMO
As obras contemporâneas tem se mostrado multissensoriais, nas quais criações musicais se aproximam das artes visuais, e igualmente artistas visuais que incursionaram na música, realizando instalações e performances musicais. A divisão entre artes visuais e música passa a fazer menos sentido,
no plano da estética contemporânea, o que gera uma reivindicação da unidade expositiva das obras de arte visuais, temporais ou de movimento para um experiência completa do espectador, uma vez que os artistas contemporâneos estariam próximos da sua fruição completa da exploração dos sentidos.
O texto pode ser lido aqui.
Arte, Crítica de Cultura e Direito Antitruste. Uma reunião da produção
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terça-feira, 31 de julho de 2012
quinta-feira, 26 de julho de 2012
Arte do corpo, práticas orientadas para o corpo e interferências
A definição de performance encerra duas
possibilidades para a realização de uma arte que se utiliza dessa linguagem da
ação: Arte do Corpo e Práticas orientadas para o corpo.
Nesse sentido, a performance poderia ser
realizada através da manutenção de uma ação, quando o artista ou quem quer que
o represente (como a cabra da releitura de Cut Pieces por Laura Lima), realiza
uma ação para exibição pública da mesma como um fim em si mesmo ou, de outra
forma, a performance poderia ser realizada não como um fim, mas como um meio de
realizar outra obra de arte, como as pinturas do Pollock, que precisam de
pinceladas que mais são movimentos de dança; ou as fotos da Cindy Sherman que
são como registros de suas múltiplas personalidades e exercícios de ser. As
ações, nessas duas últimas menções, são fundamentais para a realização do
produto obra de arte, que é o resíduo deixado pela ação, seja fotografia,
pintura, escultura, etc.
As performances consideradas arte do corpo
podem, eventualmente, ser registradas, seja por vídeo ou por fotografia, mas
não perdem o caráter de arte pela manutenção de uma ação, e o produto vídeo ou
foto não adquirem um status de obra
residual, mas sim mero registro. É o caso de obras como Seedbed (1972) de Vito
Acconci, que hoje nos chega pelas fotos ou vídeos de seu acontecimento na
Sonnabend Gallery[1].
Me pergunto, no entanto, como tratar as obras
que são realizada através da manutenção de uma ação (arte do corpo, portanto),
mas se realizam e só acontecem por meio de um mediador, como o vídeo, que é a
própria obra.
Como categorizar obras como Undertone[2]
(1972) ou Theme Song[3]
(1973) de Acconci? Obras nas quais temos evidentemente uma arte que se realiza
na ação do artista na qual não há representação, mas sim vivência por um
sujeito de uma ação que se pretende problematizar e, assim, portanto,
apresentam uma performance. No entanto o vídeo não registra a ação, mas sim a media,
interfere ativamente na ação realizada mediante cortes e enquadramento,
configurando-se muito mais em um trabalho autônomo.
A câmera dessa “videoperformance” , se
pudermos assim nomeá-la, é parte fundamental e interferente na ação, diferentemente da câmera registro,
cuja interferência na ação senão inexistente é mínima e cujo produto é algo
totalmente diverso. Se o vídeo da mencionada performance Seedbed, por exemplo,
não é suficiente para que tenhamos a real experiência da ação, tratando-se de mero
documento, as performances Undertone e Theme Song só podem acontecer através
daquele enquadramento, de modo que o vídeo é a própria experiência. A mídia é, portanto, construtora da obra e
impõe seu poder sobre a ação realizada: a performance realizada deixa de ser manutenção de uma ação
e passa a ser prática orientada para o corpo.
[1] Vídeo disponível em http://www.ubu.com/film/acconci_seedbed.html, acessado em 09/04/12. Fotos
disponíveis em diversas fontes, dentre as quais: http://legacy.earlham.edu/~vanbma/20th%20century/images/1967dayeleven06.htm, acessado em 09/04/12.
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