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quinta-feira, 22 de março de 2012

Exposição: Andrea D'Amato - Busca do Espaço

A Andrea precisa do espaço. Não só porque ela é mais alta do que todo mundo, mas porque sabe que pode ocupá-los. 

Pode soar megalomaníaco, mas os trabalhos imensos da Andrea representam essa necessidade de conquista. Não é a toa que seus estudos em gravura que desembocaram nessa exposição foram nomeados Busca do Espaço. E dessa necessidade inerente à artista surge essa arte que, além da escala, traz antes de tudo uma questão formal da própria arte. Afinal, porque que a arte tem de ser algo mais do que o que está ali escancarado na sua frente? Não nos basta a experiência estética absorvida por cada uma obra de arte? Porque tudo tem de ter uma mensagem edificante ou iluminadora por trás? 

Mas a verdade é que a Andrea não se furta da questão da arte. Se é verdade que o desenho expandido é uma realidade na arte há muito, Andrea, a meu ver, o vê pelo outro lado. Se a desenhista passa a ser escultora, o caminho da Andrea foi o oposto: a escultora que passa a usar o gráfico para ocupar o espaço. Pode parecer, ao final que chegaram ao mesmo lugar e que no fim, dá tudo na mesma. Acho que não. Trata-se de uma diferença de experiências, expectativas e discursos que acabam por imprimir alterações no resultado final: a linha pincelada lá e a linha projetada aqui. Tanto é assim que no trabalho bidimensional aqui exposto, a profundidade é a maior virtude. 

Mas sei lá. Pode ser que no fim, a ordem dos tratores não altere mesmo o viaduto. E para que se preocupar com isso? Afinal, a sensação de cada um em busca do seu próprio espaço nessa sala cabe a si mesmo, individualmente. 

A Andrea já conquistou essa sala, espero, de coração, que não pare de tentar conquistar o mundo!

* * *

Fotos da Exposição no Kabul podem ser vistas aqui. A abertura contou com show do Jonavo.

terça-feira, 6 de março de 2012

Exposição: Renan Marcondes: normal entre os meus


Cogito, ergo sum!
Um brinde a racionalidade! Um brinde ao estranhamento de buscar a racionalidade numa sociedade do espetáculo, na qual aparecer (a qualquer custo) é mais importante do que ser - existir autonomamente através do próprio pensamento.
Esse é Renan. E ele quer ser. Desesperadamente. E desesperadamente quer também questionar a necessidade de ser através disso. O que é que nos define?
Na necessidade de existir, Renan experimenta várias linguagens e torna-se um artista extremamente versátil, como mostra esse pequeno selecionado de trabalhos de 2010 para cá. Pintura, instalação, vídeo-performance, objetos e a performance aqui, ao vivo.
E ser versátil não é fazer qualquer coisa ou de tudo um pouco. Apesar do uso de diferentes linguagens, o conjunto apresentado é coeso e representativo da questão que o aflige: a necessidade de conhecimento para constituir uma individualidade. Em cada um dos trabalhos vê-se a questão do aprendizado, da língua e da linguagem - às vezes representados pelos seus signos mais evidentes, como o livro, o papel, a grafite; às vezes em virtude de referências no título a questões específica desse campo.
Em qualquer área, entretanto, fica claro o esmero do Renan e o que justifica chamá-lo de artista. Aquilo que faz alguém ultrapassar a linha do racional, para atingir o sublime e as emoções. Porque não há nada mais sublime e emocionante do que aprender-se e aprender a ser.
E no fim, devo confessar aqui, essa exposição é uma das mais significativas para mim pela relação protocooperativa que eu tenho com o Renan. No fim, eu e ele temos a mesma preocupação: como SER (assim, com letra maiúscula mesmo e no sentido mais cartesiano) nesse mundo contemporâneo no qual compramos o que pensamos, vestimos nossas posições de acordo com o romantismo e a conveniência e no qual o importante é aparecer. Somos normais entre nós.
Veja Fotos da Exposição. Tem mais fotos aqui e aqui.
Na abertura contamos com o super projeto Palco Aberto, com um coletivo organizado pelo Cláudio Manculi, Sueli Feliziani, Flavinho Arruda e Jonavo. Contamos com a participação no palco aberto do Luis Aranha, do Leonardo Muniz e do Nilson Ikejima